O tabu feminino: a multiplicidade de parceiros através do mito de Ishtar

Fig. 1 - Ishtar/Inanna. Museu do Louvre, Paris Babylonian, c. 2000 a. C.

Fonte: https://kabk.github.io/go-theses-19-pien-kars/

 

Constituída por uma série de povos antigos, a Mesopotâmia é berço de riquezas históricas e culturais. Dentre as crenças politeístas presentes na região, Ishtar era uma deusa múltipla, ligada, principalmente, à guerra e ao amor sexual. Muito cultuada, a divindade prezava por sua liberdade e não possuía um companheiro, sendo associada a mulheres solteiras e ao sexo realizado por prazer. No entanto, em um de seus mitos, se apaixona pelo rei sumério Gilgamesh. Impressionada com a coragem e as façanhas do heroico soberano, ofereceu-se em casamento, mas ele recusou, afirmando que a deusa já tinha tido e prejudicado muitos amantes. Chateada e enfurecida com a situação, decide se vingar mandando um feroz touro do Céu para matá-lo e destruir sua cidade. No fim, o herói vence a criatura com ajuda de seu amigo Enkidu.

Diante dessa narrativa da Antiguidade, é possível estabelecer um paralelo com visões existentes no mundo contemporâneo. Nos Estados Unidos, a marca de preservativos Skyn fez um estudo sobre relacionamentos, mostrando que 50% dos indivíduos nascidos entre 1979 e 1995 julgam mulheres que têm mais de um parceiro sexual, e 61% não olham com bom grado para as que fazem sexo com mais de uma pessoa. Logo, mesmo que a sociedade moderna pouco se assemelha à mesopotâmica, a liberdade e o corpo feminino estão sujeitos a tabus. Enquanto homens são livres para agirem da maneira que desejam, mulheres têm seu comportamento reprimido. Sendo imposto que é melhor manterem a castidade e terem poucas paixões, mecanismos sociais se conservam, fruto das marcas de um passado opressor.

 

Referências bibliográficas

54% dos millennials criticam mulheres que transam com vários homens. UOL, 20 de abr. 2018. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/04/20/mulheres-que-transam-com-varios-homens-ainda-e-problema-para-os-millennials.htm?cpVersion=instant-article> Acesso em: 25 set. 2021.

CARVALHO, Leandro. Mulheres na Mesopotâmia. Mundo Educação. Disponível em: http://www.google.com/amp/s/mundoeducacao.uol.com.br/amp/historiageral/mulheres-na-mesopotamia.htm. Acesso em: 25 set. 2021.

SCHWARTSMAN, Hélio. Deusa exigia prostituição sagrada. Folha de São Paulo, 17 jan. 2005. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1701200506.htm. Acesso em: 25 set. 2021.

SILVA, Tiago. Babilônia. InfoEscola. Disponível em: http://www.google.com/amp/s/www.infoescola.com/civilizacoes-antigas/babilonia/amp/. Acesso em: 25 set. 2021.

SOUSA, Rainer. Babilônia. História do Mundo. Disponível em: https://m.historiadomundo.com.br/babilonia. Acesso em: 25 set. 2021.    

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